PALAVRAS PARA TI

sexta-feira, 5 de maio de 2006

DE MIM PARA TI (Tarde)

TARDE

Vi-te, e fiquei pensando na ventura
de quem um dia te há-de desposar,
e na horrível e trágica tortura
de quem te vê sem te poder amar.

Quando, ao vir da manhã, sais e te perdes
da aldeia pelos humidos caminhos,
á luz que brota dos teus olhos verdes
emudecem, de encanto, os passarinhos.

De quem herdaste o busto de Rainha?
Quem sabe se seria tua mãe
aquela meiga e pálida Joaninha
do Vale de Santarém.

Para que foi que te encontrei na estrada
da minha vida tortuosa e má?
Desponta para ti a madrugada,
e eu vejo o poente no horizonte já !

E nem calculas a amargura infinda
que me avassala o intimo do ser,
ao ver que te encontrei, oh Sempre-Linda,
cedo de mais p'ara não te amar ainda,
tarde de mais p'ara t'o poder dizer !

Campos Monteiro