QUATRO ESTAÇÕES
Quatro estações
Eu já fui primavera alegre e rescendente;
Em quimeras flori; vibrei hinos de amor;
Veio o estio depois, fecundo mas candente,
E o meu jardim então ficou sem uma flor.
Mas persistiu em mim aquela fonte oculta
Que mantém o frescor das verdes primaveras;
E, quando veio o outono, em ambição estulta
Qui de novo florir em sonhos e quimeras.
Triste ilusão porém! Insensato desejo!
Desse lindo jardim agora nada vejo,
Embora inda respire o seu perfume terno.
Hoje é tudo aridez; a própria luz é escassa;
Tomba neve do céu e o vento ruge e passa.
Tão cedo envelheci! Tão cedo veio o inverno!
Alberto de Aragão
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